No âmbito da residência artística na MArt, proponho-me desenvolver uma escultura intitulada "A Room of One's Own", que relacione algumas práticas arquitectónicas e o livro de ensaios de Virgínia Wolf com o mesmo título.
Identificando-me com estas questões (que já foram abordadas no meu trabalho), o ponto de partida foi o uso de fundações para a construção de um edifício.
Esses elementos e sua função levou-me a pensar numa analogia para a forma como interagimos uns com os outros, uma alegoria para a infra-estrutura necessária para construir, preservar e fundamentar os relacionamentos humanos.
Outra questão que me interessa abordar é o espaço. O espaço é uma noção real e metafórica: o espaço existe como uma entidade material, uma forma de representação e uma construção conceptual e política. O espaço como lugar que permite associações e permite sentimentos de pertença, permitindo um diálogo entre arte e arquitetura, para a reflexão sobre a condição do homem, direccionando os meios de expressão, provocando impressões, experiências, perguntas e sensibilizando o espectador.
Nos ensaios de Virginia Woolf, a autora usa a sala como um símbolo para questões como privacidade, tempo de lazer, a necessidade de um espaço de criação e independência financeira, componentes essenciais das desigualdades de género. Reconhecendo que a arquitetura é estabelecida por sua ocupação e que os aspectos empíricos da ocupação são importantes na construção da identidade, este trabalho tenta cruzar preocupações feministas com temas como "pessoal", o sujeito e subjetividade.
O meu projeto consiste na construção de uma escultura prismática e arquitectónica para apresentar esta leitura de contrastes e criar uma relação de cenário com o espectador. O uso de hastes de madeira induz a referência às fundações e os dois corpos (superior e inferior) representam as dicotomias: Masculino/Feminino, positivo/negativo, luz/sombra, leve/pesado.
A iluminação e seu poder emocional também são explorados, uma vez que constitui um veículo mediador entre o espaço arquitetónico e trabalhos tridimensionais, e enfatiza a importância de integrar a escultura em toda a composição arquitectónica, induzindo o diálogo entre a arte e arquitetura embora cada um mantenha a sua própria autonomia e carácter.