Num futuro onde milhões de pessoas são sorteadas para morrer, um homem passa uma noite a recolher os escolhidos para a sua morte certa.
Sinopse
Num futuro com falta de recursos, existe um sorteio mensal para escolher 15.000.000 pessoas para morrer. Após o sorteio deste mês, Pedro passa uma noite a recolher os sorteados. Uns vão voluntariamente outros tentam escapar. O seu estado mental vai se agravando à medida que o dia passa. Antes da sua última recolha, Pedro percebe que a sua mulher foi escolhida.Ele tenta convencê-la a fugir mas ela rejeita, aceitando o seu destino e convencendo-o a fazer o mesmo.
Carcterização de personagens
Pedro 30- Pedro é um soldado destacado para a recolha de pessoas sorteadas. Apesar da frieza do seu trabalho e do treino intensivo pronto a atacar, o soldado tem compaixão por aqueles que são escolhidos. Pedro sabe que está a trabalhar para um futuro melhor mas está cada vez mais consciente do que faz. Para Pedro a vida fora do trabalho é como um refúgio deste mundo sombrio. A noiva é um porto de abrigo diante de todos que o vêem como um assassino.
Inês 30 - Inês é a noiva de Pedro. Uma educadora num jardim de infância, que trabalha todos os dias com alegria e esperanças para um futuro melhor. Percebe a necessidade do sorteio depois de ver um mundo num caminho sem retorno. Compreende a posição de Pedro e conforta-o sempre que necessário, relembrando-o da necessidade do trabalho.
Ricardo 30 - Ricardo é o companheiro de trabalho de Pedro desde o início deste serviço. Conduz a carrinha onde os dois recolhem os sorteados. Um homem reservado que pouco revela sobre a sua vida particular fora do exército. Ricardo e Pedro partilham uma relação profissional, porém, por vezes, Pedro desabafa em poucas frases o desgaste da profissão. Ricardo é bom ouvinte e apesar de poucas, tem palavras sábias.
Nota de intenções
Tendo por meio o tema da sustentabilidade, O Sorteio propõe uma solução radical para um dos problemas mais atuais e menos falados da sociedade, a sobrepopulação. Será que quando chegarmos a um número verdadeiramente avassalador somos capazes de fazer o derradeiro sacrifício e sacrificar- nos ou vamos à força? E se somos capazes de tomar essas medidas drásticas, quais seriam e porquê? A mais radical das situações pede a mais radical das soluções. Neste mundo pré-apocalíptico exploramos as políticas e narrativas que são criadas de maneira a promover o sacrifício humano, feito através de um sorteio aleatório, um evento muito chamativo, de grande êxtase e exuberância, em que os sorteados são glorificados como mártires. Interpretamos esta narrativa como algo semelhante não só à realidade que os soldados americanos enfrentam quando são enviados para a guerra como o dia-a-dia norte coreano, em que é promovido um bem estar dentro da sociedade que ofusca a infeliz realidade. Escolhemos a perspetiva de um agente que recolhe os sorteados pois queremos ver em primeira pessoa o conflito entre sentir o peso das mortes e a responsabilidade de manter a sustentabilidade no mundo. Estas duas realidades entram em conflito e criam à nossa personagem principal dúvidas existenciais. Mesmo ele pode ser considerado um mártir, pois é sacrificado de modo a carregar este peso e responsabilidade de uma profissão essencial para evitar o colapso da sociedade.