Sobre o promotor
A família Nero, de origem italiana, veio para Portugal em 1680. Instalou-se em Sesimbra com o objectivo de produzir e exportar peixe salgado e peixe seco. Esta deslocação foi motivada devida à fama antiga de que gozava o peixe da costa lusitana, nomeadamente o da costa de Setúbal. A par destas actividades, a família também comercializava sal e se dedicava à industria da pesca.
Foi a partir do início do séc. XIX que os Nero se dedicaram exclusivamente à conservação do peixe pelo sal, em Sesimbra e em Setúbal.
Foi realmente no inicio de séc. XX - corria o ano de 1912 - que Amadeu Henrique Nero, com apenas 23 anos de idade, juntamente com outros sócios, fundou a primeira fábrica de conservas. Tinha a razão social de Paschoal, Nero & Cª. Posteriormente, foi alterada para Borges, Nero & Cª. A empresa acabou por ficar, mais tarde, apenas sendo propriedade de Amadeu Henrique Nero, mudando então a razão social para Nero & Cª.
Amadeu Henrique Nero decidiu, em 1926, acabar definitivamente com as "estivas" que possuía (actividade que vinha desde o séc. XVII), para se dedicar às conservas em azeite e molhos, negócio que parecia ter melhor futuro e maior rentabilidade. Foi o fim, das desde sempre, "Aziendas Nero".
Em 1930, com a marca atum Catraio, que vinha desde a origem da fundação, a Nero ganhou a medalha de prata na Exposição Regional de Setúbal. Em 19 de Maio de 1932 foi dissolvida a empresa Nero & Cª para, a 15 de Junho do mesmo ano, ser fundada de raíz, com a comparticipação de outros sócios ligados ao Integralismo Lusitano, a Nero & Cª (Sucessor),Lda. Curiosamente, 15 de Junho tinha sido também o dia da fundação da "Paschoal, Nero & Cª".
Em 1938, o já afamado atum catraio, foi considerado uma iguaria Natalícia podendo por isso, ser considerado o percurssor das chamadas conservas gourmet de hoje.
Com a Segunda Guerra Mundial, chegou a vez das conservas de sardinha na marca Georgette, (marca essa que também tinha estado na origem da fábrica em 1912), se afirmarem no mercado.
Finda a guerra as conservas de sardinha na marca Georgette ganham forte posição em mercados como o dos Estados Unidos da América e Alemanha e também uma boa presença em Itália, França e Inglaterra.
Entretanto a fábrica Nero foi transferida de Sesimbra para Matosinhos. Começou por instalarse num edificio situado na confluência das antigas ruas dos Camachos e do Burgal.
Foi a seguir à Segunda Guerra Mundial que a Nero produziu pela primeira vez uma nova referência: Bacalhau em conserva (demolhado, cozido e enlatado com alho e azeite). Esta inovação foi produzida a solicitação da então grande distribuidora "P. Martins", detentora da marca "Naval". O relacionamento comercial entre ambas, já tinha começado em Sesimbra e manteve-se até à extinção da P.Martins, nos anos 80.
Em 1950, faleceu Amadeu Henrique Nero, sucedendo-lhe o seu filho Amadeu Rodrigues Nero, que já fazia parte da administração. A nova fábrica em Matosinhos foi inaugurada em 1958, tendo sido considerada na época uma das mais modernas do país.
Nos meados dos anos 60, a Nero adquiriu a "Fábrica Nacional de Conservas", em Setúbal, a qual e a título de curiosidade, tinha tido também origem em Sesimbra nos finais do séc. XIX. A aquisição desta fábrica foi devida ao facto de os mercados asiáticos, nomeadamente a Síria, absorverem a totalidade da produção da fábrica de Matosinhos, ficando mesmo parte das encomendas por satisfazer. Foram anos de ouro para a Nero. Chegou mesmo a estar em negociação, anos mais tarde, a troca de conservas por petróleo. O condicionamento ao desenvolvimento imposto pelo Estado Novo, não permitiu que esse tipo de trocas fosse efectuado.
Também, entretanto, a Síria cortou relações comerciais e diplomáticas com Portugal devido à Guerra colonial que Portugal continuava a travar em África. Com as vendas interrompidas bruscamente, aconteceu o esperado: a Nero começou a ter dificuldades em escoar a produção de duas fábricas tornando-se necessário vender rápidamente a fábrica de Setúbal para salvar a de Matosinhos.
Amadeu Rodrigues Nero faleceu em 1983. Sucederam-lhe os filhos Filipe Nero, que já fazia parte da administração e José Nero. A laboração da fábrica continuou a bom ritmo e a Nero consolidou, de vez, a sua liderança nos mercados de Macau , Hong-Kong e Israel. Em 1989 a familia Nero, detentora de 100% da empresa, decidiu vender. Óbviamente, deixou de existir, em consequência, a sua designação social.
José Nero abriu, em 1992, no Montijo, uma pequena unidade para a produção de anchovas. Estava, no entanto, programado o seu alargamento, de forma a poder produzir outras conservas. A dita empresa denominava-se "Consersul – Soc. de Conservas do Sul, Lda". Filipe Nero faleceu entretanto em 1993. José Nero viu-se obrigado, em 1996, a encerrar a "Consersul" fábrica que construíra de raiz e que fora também a primeira unidade no País a cumprir todas as normas europeias. Por esse facto, também, lhe foi atribuido o número sanitário europeu definitivo. Tenha-se presente que entre 1989, ano em que fora iniciada a construção da referida unidade fabril e 1996, o ano em que terminou a sua laboração, encerram em Portugal mais de 20 fábricas de conservas, fruto das políticas erradas impostas pelo governo de então.
A actual “Conservas Nero” relançou, em Novembro de 2010, a marca atum Catraio, (filetes em azeite), produzindo-a segundo os métodos tradicionais de enlatamento manual.
No início de 2011, foi igualmente relançada a marca da conserva do bacalhau Naval, que, como foi referido, fora uma criação da Nero nos anos 40. A "Conservas Nero", sedeada no concelho de Matosinhos lançou, em Maio de 2011, com grande sucesso, um tipo de conserva nunca antes produzida: Filetes de Peixe Espada Preto em azeite. Esta novidade tem surpreendido positivamente todos os apreciadores de conservas.
No ano de 2012, foi lançada uma outra inovação: Anchovas em Vinho Moscatel do Douro. Esta iguaria provocou uma verdadeira e muito agradável surpresa a Andoni Luiz Adoriz, chefe e proprietário do restaurante basco "Mugaritz", considerado o terceiro melhor restaurante do mundo. Dado ser objectivo da “Conservas Nero” continuar a liderar o mercado em termos de inovação e qualidade, está já em fase de testes a produção de um pâté de espadarte, e futuramente a reinvenção das tradicionais conservas de sardinha, cavala e atum. Entretanto foi também relançada a marca Georgette, com sardinhas (petingas).
Em 2013 foi lançado o atum em molho picante Naval, segundo a mesma receita destinada a mercados asiáticos nos anos 60, 70 e 80 e que atribuíram propriedades afrodisíacas nesses mesmos mercados a esse nosso tipo de conserva. Brevemente será lançada o paté de espadarte de Sesimbra e o atum com presunto de Chaves e azeitonas de Elvas.
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