O meu primeiro livro de fotografia, resumindo 5 anos de imagens numa edição cuidada.
Há quem goste de fotografia desde o tempo em que se espreitava pelo óculo e se via o mundo com uma moldura preta, mira e números. Não é difícil continuar a gostar desses enquadramentos agora com filtros do instagram e hastags para organizar álbuns, corações para distribuir. Fotografia é escrever com luz. E quanto à escrita, o que posso dizer é que, por mais que escrevamos mensagens de vários tipos (as palavras certas adivinhadas pelo dispositivo), isso não dá para trazer no bolso ou marcar um livro como um recado em papel escrito com esferográfica.
O mesmo com as fotografias: podem nascer na rede, ser vistas pela primeira vez num ecrã, partilhadas — e é a partilha que me leva até vocês, agora também — mas na verdade, as fotografias nascem uma outra vez e nascem num outro mundo, real, quando são impressas.
Vê-las nas paredes, em exposição, é bonito — mas não me chega. Sobretudo não chega para todas as que quero partilhar em papel. E se mando nas minhas páginas de instagram, facebook, blogue, o que a net nos for dando para estas trocas, também quero ser eu a dizer como vai ser o conjunto que vos quero mostrar, que colecção deve seguir mundo fora.
Colecciono imagens como quem faz uma mixtape, uma playlist de pessoas, flores, instantes que apanhei aqui e ali, a aparecer sem aviso, erva que cresce entre as pedras do passeio: Flores da Calçada é o título do livro. Impresso, para poderem ver estes clichés à vossa medida, as vezes que quiserem, guardá-los na estante. Preciso de pôr uma lombada neste álbum, levá-lo a caber nas vossas mochilas.
Devo um livro a uma data de gente: a vocês que lêem este projecto, aos que aparecem nelas, aos que ainda não as viram. E quero fazer isso sem compromissos, contratos, escolher eu o papel, o tipo de letra, a gráfica. Uma edição de autor, vamos chamá-la com o nome certo, ainda que possivelmente com o selo da Tinta-da-china. Se na poesia é fácil e barato: é arrumar os versos na página e mandar para a máquina, um livro de fotografia obriga a especial — e caro — cuidado.
Com a vossa ajuda posso consegui-lo e tenho muitas rifas para distribuir: a agradecer o vosso contributo sai sempre um prémio de grande categoria. É carregarem no botão para saber mais, escolherem o modelo que melhor vos serve e ajudarem aqui este amigo a dar uma finalidade decente a esta colecção de imagens apanhadas nos últimos anos: a impressão de qualidade, espalhada pelas bibliotecas de quem como eu gosta de livros e fotografias à brava.
(o livro terá 215 x 265 mm, 48 páginas impressas a 4 cores em papel Arcoprint Milk de 100 grs, capa em Woodstock Matérica Pitch de 300 grs)
Pedro Serpa
Muito bom dia!
Muito bom dia!
Com esta campanha praticamente a acabar (mais uns rodopios do planeta e já está), quero aproveitar este palanque para:
1. vos agradecer a tod@s. Não imaginam o quão bem sabe deixar uma planta assim no meio da praça pública e assistir a tanta gente a cuidar dela e regá-la (a minha mãe é, invariavelmente, quem cata as folhas mais ou menos mortas). Devo-vos, portanto, um enorme obrigado. E a promessa que vou ficar por aqui nas metáforas pirosas e vegetais (afinal o livro tem "flores" no título).
2. mas, como um obrigado não chega, e porque há postais, livros, prints e sessões para dar em troca, vou começar a preparar os ditos brindes. Em breve receberão um email para, consoante o caso, escolherem o postal, o print ou combinar a sessão. Precisarei, também, na maior parte dos casos, de saber que morada escrever no envelope — mesmo a dos anónimos que queiram receber o livro (partindo da hipótese de que quiseram permanecer anónimos para o mundo mas não para mim) (menos tu, FIlipe, sei onde vives).
Agradeço, assim, que quem não me deu ainda a morada, a envie para serpapedro@gmail.com.
3. darei conta dos progressos das várias impressões — do livro, dos postais, etc. — aqui (pouco, para não melgar) e no blog (sobretudo: https://www.ventilan.blogspot.pt).
Neste momento, estou a ver orçamentos — a gráfica complicou-me um bocado a vida por causa de um detalhinho de impressão e estou a equacionar alternativas. Os postais e as giclées serão feitos na Kilford Studios, cujo trabalho incrível podem ver aqui: https://www.instagram.com/kilfordstudios/
Lá para meio de Setembro conto ter livro. Até ao início de Outubro, recebem o livro no correio. E às livrarias chegará no dia 18.
E para já é tudo. Obrigado mais uma vez e até breve *
Pedro
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Serpa Julieta
Muito bonito o que
Muito bonito o que escrevestes. Beijinhos
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Pedro Serpa
Em 2014, creio que foi em
Em 2014, creio que foi em 2014, apoiei pela primeira vez uma campanha de crowdfunding para a concretização de um disco de uma cantora de que gosto muito. Soube-me bem poder ajudar daquela maneira (e, mais tarde, de outras).
Quando, em 2015 me meti num comboio para a Póvoa para ouvir o 2.º concerto de apresentação daquelas canções, levava na mochila o Art of Asking, da Amanda Palmer. Foi e é um livro importante (embora tenha esbarrado, num primeiro momento, naquela paginação horrível). Se não o conhecem, sugiro-vos esta Ted Talk que lhe está na origem (https://www.ted.com/talks/amanda_palmer_the_art_of_asking?language=en)
Pelos comentários que tenho recebido, é mais ou menos notório que me sinto muito desconfortável quer diante de uma lente, quer sob um foco de luz. Mais ainda quando parece que estou a pedinchar uns trocos para realizar aquilo que, bem espremido, é um projecto vaidoso: o mundo continuaria a rodar, mais ou menos sereno, mais ou menos submerso, sem que as minhas fotos se fixassem em papel.
Mas.
Em conversa com o João — que é, digamos assim, o meu artista português cujo traço e ideias mais admiro (pódio partilhado com uns poucos outros) — ele sugeriu que fizesse um balanço destes cinco anos. O que faz algum sentido: arrumar a casa, limpar o pó das estantes, ver o caminho percorrido. Para já, teve o efeito de me fazer parar um bocado: estes balanços dão-me para me enjoar um bocado de mim mesmo e para precisar de estar um tempo com a cabeça a arejar.
Mas divago.
Foi um passo estranho, este do crowdfunding. Demorei uns dois meses a decidir-me e outros dois a preparar os materiais. Sempre com o receio de ficar ali despido no meio da praça, o chapéu com duas ou três moedas piedosas. Não por duvidar das minhas fotos; se duvidasse, nem sequer as mostrava ao mundo (como há tanta coisa que não mostro). E sinceramente dá-me um verdadeiro prazer esta coisa da partilha, de conseguir cozinhar coisas (é o termo técnico) que me parecem bonitas ou delicadas ou com o potencial de melhorar o dia alheio — frequentemente em privado, por vezes publicamente.
(Continuo a divagar)
Enfim. A perspectiva de ficar ali no meio da praça era no mínimo humilhante.
Espantou-me, e emocionou-me, e acarinhou-me a resposta que isto teve. Tanto ao nivel do chapéu, que rapidamente se encheu, como sobretudo pela partilha e pelas palavras queridas e amistosas com que fui brindado (algumas em registo camionista bojardão, o que sabe sempre bem ;)
Fico-vos, assim, muito muito agradecido. A campanha foi pensada para durar até meados de Agosto, e essa data vai manter-se, apesar do objectivo já ter sido (em princípio*) atingido. Tudo o que ultrapassar o tal montante necessário para a impressão será canalizado para um eventual aumento da tiragem, ajudar nos custos de produção dos postais, das giclées prints e das sessões fotográficas. Mal tenha novidades — nomeadamente sobre o processo de impressão do livro e o início dos envios, lá para finais de Agosto — voltarei a dizer qualquer coisa.
Espero que o livro vos dê, no mínimo, tanto prazer a folhear como eu tenho a fotografar.
Com um abraço e um até breve,
Pedro
(* Houve uma contribuição anónima de 1100 euros que me deixa um bocado desconfortável e gostaria, se possível, que essa pessoa me enviasse um email para o qual possa responder, tenho uma questão a colocar. Obrigado)
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