Procuro cúmplices para reescrever a verdadeira estória dos três Reis Magos e transpô-la para uma Novela Gráfica, que lhes faça justiça.
E se a estória que conhecemos sobre os três Reis Magos que chegou até nós, não tivesse ocorrido como nos dizem que ocorreu? E se aquilo que chegou aos dias de hoje estivesse nos antípodas do que aconteceu? Digamos que os TRÊS SÁBIOS são realmente necessários para validar o nascimento do menino Jesus. Pode até ser. Mas acabam por ser apenas símbolos ou representações, em vez de personagens, por direito próprio. O seu papel é meramente funcional tal como o boi, a vaca e o burro, que zelam pelo conforto do recém-nascido.
Pessoalmente sou admirador do rumo escolhido por John Ford no seu Western "3 Godfathers", em que três ladrões, em fuga pelo deserto, se vêem de repente, como guardiões e protectores de um bebé orfão. O que se segue é um exercício de expiação e redenção do trio, através da devoção a este recém nascido, numa clara evocação da história dos Três Reis Magos. Contudo, a verdade é que, quer na história original, quer nas diferentes abordagens artísticas, sejam elas no cinema, na pintura, iluminuras ou vitrais, os três personagens são sempre retratados como secundários, usados essencialmente para enaltecimento no infante Jesus. Reconheçamos que é um papel importantíssimo.
Mas sublinhada e esclarecida que está a importância dos Três Reis Magos na narrativa cristã, terão eles direito à sua própria narrativa? E assim como a vida de Jesus foi objecto de várias leituras, interpretações e mesmo adulterações, teremos nós o direito de criar uma narrativa alternativa para este trio?
Bem, se fossemos estudiosos das religiões, claro que não. Mas enquanto criadores, chamamos a nós essa responsabilidade.
Vamos então, fazer deles os personagens principais das suas próprias vidas e escolhas. E uma vez que abrimos a caixa de Pandora, vamos ver onde isto nos leva.
E é isto a que me proponho dar resposta, com a vossa cumplicidade, através de uma curta novela gráfica, com 23 a 25 páginas a preto e branco, com apenas três personagens, desta vez insuflados de personalidades, idiossincrasias e emoções humanas que levarão a um desfecho inesperado.
Eu sei que conseguiria concluir esta empreitada sózinho. Afinal de contas até já desenhei algumas pranchas. Mas esta aventura não tem que ser uma solitária caminhada no deserto (tal como a dos protagonistas da nossa estória). E como sei que muitos de vocês também não estarão satisfeitos com a versão oficial, convido-vos a saltar a bordo desta aventura, para que num esforço colectivo, ajudemos a parir esta ideia e a tornarmo-nos parte de uma irmandade que, em última análise, irá mudar substancialmente a noção que temos do presépio tradicional.
