Check-in e embarque
E se um dia largasse tudo o que conheço e partisse? Esta pergunta saltou-me demasiadas vezes à mente e em conversas de café para poder ignorá-la. Se eu era feliz? Era. Ou pelo menos, pensava que era, da mesma maneira que ninguém sente falta do que não conhece.
Nos meus 27 anos vividos em Lisboa sempre fui feliz. E sempre me faltou qualquer coisa. Não obstante ter tudo o que pensei que queria. Que contradição esta…
Acabei o curso de direito e trabalhava desde então num escritório de advogados em Lisboa (com uma passagem de um ano pelo Porto). Trabalhei com as duas melhores equipas que podia imaginar e desejar. Portanto, não era por aí. Tenho um curso de fotografia que me deu asas à imaginação e à criatividade. Também não era por aí. Tive a sorte de encontrar uma casa em Lisboa que é a personificação da minha personalidade e fi-la minha. Nem por aí. Tinha e tenho a sorte de ter amigos e família que me apoiam. Muito menos por aí.
Ou seja, bem vistas as coisas não deixava de ser feliz, mas não me sentia completa. Sem dúvida que havia vidas piores que a minha, mas eu não conseguia deixar de pensar nas melhores.
E assim começou esta viagem, como começam todas as viagens: com um sonho... um embrião de ideia que se implanta no hemisfério que controla as emoções e coisas que tais. Então vem o sobressalto. Causado pela possibilidade de conversão em realidade, pela tangibilidade do que foi só uma ideia... um sonho.
Saca-se da balança da consciência e pesam-se prós e contras, vantagens e desvantagens. Tenta-se encontrar uma (basta uma) justificação racional que contrabalance todos os grilhões sociais, culturais e familiares que nos permita concluir... é a coisa certa a fazer! Mesmo quando não se encontra uma justificação racional (geralmente não é o caso, e não o é concerteza neste caso) por vezes deixamo-nos ir, como se deixa ir quem se apaixona pela pessoa errada. Porque tem de ser, porque não vivemos sem aquilo-aquele-aquela.
Assim foi e assim é.
Conheço uma pessoa que me disse algo semelhante a que a vida é o que acontece no entretanto. Entre cursos superior e trabalho e casa e filhos e noitadas e máquina de roupa. Eu quero que a vida seja o que acontece entretantas. Coisas. Como estas e muitas mais.
E após um sonho ter sido sonhado, seguido de uma ideia posteriormente fecundada e desenvolvida, seguida de planos, pesquisas, conversas, conselhos... assim continua esta viagem.
O próximo passo é apanhar um avião.
Não deixo de me surpreender com o fácil que tudo foi após esta conclusão. Despedi-me do escritório, da família e amigos. Arrendei a casa, coloquei umas reticências na vida como sempre a conheci e parti.
Naquele dia de Fevereiro larguei tudo o que conhecia, enquanto me dirigia ao Aeroporto da Portela para embarcar no avião que nos leva ao desconhecido com escala em Londres.
[...]
Não gostava de saber o resto da história?
joana_rousseau
Check-in e embarque
E se um dia largasse tudo o que conheço e partisse? Esta pergunta saltou-me demasiadas vezes à mente e em conversas de café para poder ignorá-la. Se eu era feliz? Era. Ou pelo menos, pensava que era, da mesma maneira que ninguém sente falta do que não conhece.
Nos meus 27 anos vividos em Lisboa sempre fui feliz. E sempre me faltou qualquer coisa. Não obstante ter tudo o que pensei que queria. Que contradição esta…
Acabei o curso de direito e trabalhava desde então num escritório de advogados em Lisboa (com uma passagem de um ano pelo Porto). Trabalhei com as duas melhores equipas que podia imaginar e desejar. Portanto, não era por aí. Tenho um curso de fotografia que me deu asas à imaginação e à criatividade. Também não era por aí. Tive a sorte de encontrar uma casa em Lisboa que é a personificação da minha personalidade e fi-la minha. Nem por aí. Tinha e tenho a sorte de ter amigos e família que me apoiam. Muito menos por aí.
Ou seja, bem vistas as coisas não deixava de ser feliz, mas não me sentia completa. Sem dúvida que havia vidas piores que a minha, mas eu não conseguia deixar de pensar nas melhores.
E assim começou esta viagem, como começam todas as viagens: com um sonho... um embrião de ideia que se implanta no hemisfério que controla as emoções e coisas que tais. Então vem o sobressalto. Causado pela possibilidade de conversão em realidade, pela tangibilidade do que foi só uma ideia... um sonho.
Saca-se da balança da consciência e pesam-se prós e contras, vantagens e desvantagens. Tenta-se encontrar uma (basta uma) justificação racional que contrabalance todos os grilhões sociais, culturais e familiares que nos permita concluir... é a coisa certa a fazer! Mesmo quando não se encontra uma justificação racional (geralmente não é o caso, e não o é concerteza neste caso) por vezes deixamo-nos ir, como se deixa ir quem se apaixona pela pessoa errada. Porque tem de ser, porque não vivemos sem aquilo-aquele-aquela.
Assim foi e assim é.
Conheço uma pessoa que me disse algo semelhante a que a vida é o que acontece no entretanto. Entre cursos superior e trabalho e casa e filhos e noitadas e máquina de roupa. Eu quero que a vida seja o que acontece entretantas. Coisas. Como estas e muitas mais.
E após um sonho ter sido sonhado, seguido de uma ideia posteriormente fecundada e desenvolvida, seguida de planos, pesquisas, conversas, conselhos... assim continua esta viagem.
O próximo passo é apanhar um avião.
Não deixo de me surpreender com o fácil que tudo foi após esta conclusão. Despedi-me do escritório, da família e amigos. Arrendei a casa, coloquei umas reticências na vida como sempre a conheci e parti.
Naquele dia de Fevereiro larguei tudo o que conhecia, enquanto me dirigia ao Aeroporto da Portela para embarcar no avião que nos leva ao desconhecido com escala em Londres.
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