O uso excessivo de recursos ameaça um edifício e o sono de um inquilino, que decide procurar respostas a meio da noite.
Durante a sua primeira noite no apartamento do rés-do-chão, Óscar é acordado por gotas de água que caem do seu teto. Na tentativa de descobrir a raiz do problema, depara-se com vizinhos que representam o pior estado de sobreutilização de recursos naturais. O problema apenas se torna visível para Óscar quando quase o leva a cometer um crime que se via incapaz de cometer.
Oscar
Oscar tem 27 anos e acabou de se mudar para o rés-do-chão deste apartamento. Até este momento, sempre viveu com os pais e encontra-se pela primeira vez a experienciar a solidão de viver sem eles. Por não se conseguir desapegar, procura alguma companhia naquele deteriorado apartamento, deixando a televisão ligada ou ouvindo música para se abstrair do silêncio do vazio da casa. Ele é o fio condutor da história - o alvo das personalidades tóxicas das restantes pessoas do prédio. Esta personagem desapega-se da sua humanidade e torna-se num mais um “adormecido” como os restantes habitantes do prédio, cegado pelas suas emoções e ações.
Mulher do Fumo
A mulher do primeiro andar, tem 55 anos e é uma fumadora compulsiva. Vive sozinha no seu apartamento e faz parte do ciclo de repetições do qual o prédio funciona. Perdeu a filha quando esta era apenas criança, devido a uma doença respiratória, e matou o marido que a traiu. Agora, tenta apagar as suas mágoas e crimes cometidos com cigarros. Este vício afetou-a a nível psicológico e físico. É uma mulher magra, com a pele rugosa e um olhar pesado com olheiras vincadas. Não gosta de luz natural, mantendo o seu apartamento escuro e com poucas fontes de iluminação. A mobília é antiga e estragada, com marcas de queimadura de cigarros e cinzas. Existem cinzeiros espalhados pelo espaço, todos cheios de cigarros fumados até às extremidades.
Homem dos Televisores
O homem do segundo piso tem 37 anos e vive sozinho. Fisicamente, é magro e pálido, pois vê a luz do sol. É uma personagem que sucumbiu à hipnose do mundo consumista e vive preso numa rotina egocêntrica. Não faz nada sem ser ver televisão e, mesmo quando não está a ver, as dezenas de televisões do seu apartamento estão sempre ligadas, gastando uma absurda quantidade de energia a toda a hora. Também, vive sozinho e ignora todas as tentativas da sua família para o tentarem contactar, tendo velhas cartas e voicemails acumulados há anos. O seu apartamento é iluminado apenas pelos ecrãs dos televisores, que, pela vasta quantidade, iluminam todos os espaços da casa. Na sala, além dos vários televisores, apenas se encontra uma grande poltrona vintage e uma mesa de apoio com comandos espalhadas no chão ao seu redor.
Homem da Banheira
O vizinho do terceiro e último andar é um homem de 60 anos. Tem rugas vincadas e a pele maltratada, com tatuagens gastas pelo tempo no peito e nos braços. Perdeu o seu melhor amigo, Sammy, quando era uma criança, enquanto brincavam num lago. O rapaz não sabia nadar e acabou por se afogar. O homem sempre viveu com remorsos da morte do amigo e justifica os seus longos banhos como tentativas de suicídio para se encontrar com Sammy de novo. Com isto, tornou o seu apartamento num lago, decorado com elementos aquáticos e água por todo o lado. O apartamento é despojado de decoração para que a água dos seus longos banhos possa fluir sem danificar a mobília. Na sala, estão aquários, jarras, potes e garrafas cheios de água e restos mortais de Sammy, que lhe fazem companhia.
Porteiro
O porteiro é um homem de barba e bigode, com um ar envelhecido e uma expressão misteriosa. Ele surge na história para mostrar a Oscar o apartamento, retirando-se de lá rapidamente e com algum desdém.