Produtos que resultam de uma fusão de sabores portugueses, africanos e árabes, e uma vontade de apoiar refugiados.
Amêndoa nacional junta-se a tahini e tâmaras - dois essenciais no mundo Árabe - enquanto o tremoço salgado recebe o calor do "berbere" - uma mistura de especiarias utilizada essencialmente na Eritreia e Etiópia. Claro que a manteiga de amendoim não podia faltar como clássico universal.
HOBI traz sabores com inspiração de diferentes países, com o objetivo de apoiar diferentes organizações humanitárias. 10% dos lucros revertem para organizações não governamentais de apoio humanitário.
Em Março de 2018, pouco depois de terminar a licenciatura em Comunicação Social, e no auge da crise de refugiados e mortes no Mediterrâneo, tomei a decisão de pôr a mochila às costas e conhecer de perto este conflito humanitário. Não foi necessário viajar milhares de quilómetros, visto que mesmo aqui ao lado, em França, os direitos humanos estão a ser violados diariamente. Viajei para o norte de França, onde estive cerca de ano e meio, como voluntária de apoio humanitário, prestando suporte em distribuições de bens materiais de primeira necessidade, alimentos, e serviços (transporte a hospitais, serviços públicos, etc.).
Durante esse período conheci centenas de pessoas oriundas de um leque de países como Eritreia, Sudão, Afeganistão, Curdistão, Irão, Iraque, Etiópia, Gambia, etc. Crianças, jovens orfãos, famílias, homens, mulheres, todos com o sonho de alcançar uma vida de paz e segurança. Apesar das situações precárias e desumanas para a sua sobrevivência, uma distribuição de alimentos trazia sempre um pouco de alegria. Falava-se de culinária, comidas preferidas, receitas, sabores e dissabores.
Foi através destas conversas que aprendi o que é "injera", "berbere", "chai", "tahini", para além da maravilhosa utilização de manteiga de amendoim como base de muitos pratos do centro e oriente de África.
Regressando a Portugal pouco antes da pandemia, as oportunidades de emprego não eram muitas, pelo que me surgiu a ideia de partilhar os sabores exóticos que tinha descoberto.
Surgiu assim a Hobi, que estava para ser designada habibi ("meu querido", em árabe) ou habibti ("minha querida", em árabe), duas das formas de tratamento mais utilizadas entre voluntários e refugiados. Em árabe, hobi é o termo para "meu amor". De amor, compaixão, esperança e carinho nasceu este projeto. Com muita gula à mistura, graças a ingredientes que nos chegam de todo o mundo e do nosso próprio território.
Agora, para crescer, são muitos os materias necessários, desde equipamento de produção a material publicitário, e talvez um dia, um pequeno espaço onde possamos abrir ao público e conhecer aqueles que nos têm apoiado durante estes meses.
De gula e solidariedade está o mundo feito, e a Hobi é a prova.