Receita fiscal do jogo online cai 1,8% no segundo trimestre, mas setor mantém força em 2025
No segundo trimestre de 2025, a receita fiscal proveniente do jogo online em Portugal somou 81,2 milhões de euros, traduzindo uma ligeira queda de 1,8% em comparação com os primeiros três meses do ano.
Apesar deste recuo, os dados confirmam que o setor continua a ser uma fonte de receita significativa e estável para o Estado, representando uma parte essencial da arrecadação ligada ao entretenimento digital.
Um setor que continua a gerar receitas
No acumulado do primeiro semestre, o jogo online já rendeu 163,9 milhões de euros aos cofres públicos. O montante mostra que, mesmo com oscilações trimestrais, a atividade segue robusta e consolidada, num mercado cada vez mais competitivo e com ofertas imperdíveis como free spins sem depósito. Para o Estado, o peso desta arrecadação corresponde a uma média de quase um milhão de euros por dia, evidenciando a importância fiscal desta indústria em ascensão.
Apostas desportivas em retração
Os números mais recentes revelam que as apostas desportivas foram responsáveis pela desaceleração. Entre abril e junho, o volume apostado neste segmento caiu 8,9% em relação ao trimestre anterior. Este recuo pode estar associado ao calendário desportivo, marcado por menor intensidade de grandes competições, mas também à crescente concorrência entre operadores e à sensibilidade do apostador a oscilações nos resultados.
Apesar da queda, as apostas desportivas continuam a ser um pilar do setor, mantendo relevância tanto pela dimensão do mercado como pelo impacto social e cultural que têm junto dos adeptos.
Jogos de fortuna ou azar sustentam o crescimento
Em contrapartida, os jogos de fortuna ou azar online, como slots, roleta e blackjack, registaram um desempenho positivo. A receita bruta deste segmento cresceu 12,2% face ao trimestre anterior e 4,7% em comparação ao mesmo período de 2024. Este dinamismo foi essencial para compensar a queda nas apostas desportivas e manter a receita fiscal do setor em níveis elevados.
Atualmente, cerca de 62% da atividade de jogo online em Portugal é proveniente dos casinos digitais, consolidando-se como o segmento de maior peso e relevância.
Crescimento moderado e sinais de maturidade
O valor total das receitas de jogo online no segundo trimestre atingiu 287 milhões de euros, o que representa uma variação modesta de 0,8% em relação ao trimestre anterior, mas um aumento de 9,6% face ao mesmo período do ano passado. Os números sugerem que o setor caminha para uma fase de maior maturidade, com taxas de crescimento mais moderadas, após vários anos de expansão acelerada.
Perfil dos jogadores e comportamento regional
Em termos de distribuição geográfica, Lisboa e Porto lideram em registos de jogadores, com 21,7% e 21,1% respetivamente. Seguem-se Braga, Setúbal e Aveiro, que em conjunto representam quase um quarto do total de utilizadores.
A nível etário, 77,8% dos novos registos correspondem a jogadores com menos de 45 anos, confirmando a predominância de uma faixa mais jovem, habituada ao consumo digital. A faixa dos 25 a 34 anos é a mais expressiva, concentrando 33,5% do total.
O segundo trimestre contabilizou 211 mil novas inscrições em plataformas legais, mas também 135,5 mil cancelamentos, resultando num saldo líquido positivo de 1,6% no número de contas ativas, que totalizam agora quase 4,9 milhões.
Proteção ao jogador e autoexclusão
Os dados também revelam o avanço dos mecanismos de jogo responsável. Até junho de 2025, estavam registadas 326,4 mil autoexclusões, representando um aumento de 5,6% em relação ao trimestre anterior. Em termos anuais, este número cresceu 27%, refletindo uma maior sensibilização dos jogadores para os riscos associados ao jogo e a eficácia das medidas de proteção disponibilizadas pelas operadoras.
Ainda assim, o número de novas adesões a este mecanismo registou uma ligeira queda de 3,5%, sinal de que a base de jogadores já se encontra relativamente estabilizada.
O desafio do mercado ilegal
Um dos maiores entraves ao pleno desenvolvimento do setor continua a ser o mercado ilegal. Estima-se que cerca de 40% dos apostadores portugueses ainda recorram a sites não licenciados, o que representa perdas significativas para o Estado em termos de arrecadação e riscos acrescidos para os consumidores, que ficam sem garantias de pagamento e sem acesso a mecanismos de proteção.
O combate a estas práticas é visto como prioritário, já que a migração de jogadores para operadores legais pode aumentar consideravelmente a receita fiscal e reforçar a confiança no sistema regulado.
O impacto económico e fiscal
A contribuição do jogo online para as contas públicas portuguesas não pode ser ignorada. Com 163,9 milhões de euros arrecadados no primeiro semestre, o setor destaca-se como uma fonte de receita previsível e em expansão, num contexto em que o Estado procura diversificar e apoiar a sua base fiscal. O desafio, contudo, está em equilibrar fiscalização, competitividade e proteção ao consumidor, garantindo que o mercado legal continua a ser atrativo para operadores e seguro para jogadores.
Apesar da queda de 1,8% na receita fiscal no segundo trimestre, o setor do jogo online em Portugal mantém-se sólido e em expansão. A força dos casinos digitais compensou a retração das apostas desportivas, demonstrando a resiliência de um mercado que já se consolidou como um dos motores da economia digital.
O futuro dependerá da capacidade de enfrentar o mercado ilegal, reforçar os mecanismos de proteção e garantir que a regulação se mantém ajustada à realidade dinâmica do setor para a comunidade. Se bem conduzido, o jogo online continuará a gerar receitas para o Estado e a oferecer um mercado cada vez mais seguro e transparente para os jogadores.