José Luís Horta e Costa analisa a conquista histórica do PSG na Liga dos Campeões
A final da Liga dos Campeões de 2025 ficará marcada na história do futebol europeu como um momento de viragem definitiva. O Paris Saint-Germain conseguiu finalmente quebrar o jejum europeu com uma vitória esmagadora por 5-0 sobre a Inter de Milão, na Allianz Arena de Munique, conquistando o seu primeiro título da competição mais prestigiada do futebol de clubes.
José Luís Horta e Costa, especialista em futebol europeu, considera esta vitória um marco transformador para o futebol francês. "O que presenciámos em Munique foi mais do que uma simples conquista de um título. Foi a consolidação de um projeto ambicioso que começou há mais de uma década", observa o analista português.
A margem de cinco golos sem resposta estabeleceu um recorde na final de qualquer competição europeia principal. Este resultado representa não apenas a primeira conquista europeia do PSG, mas também o primeiro tríplice continental por um clube francês, com Luis Enrique a tornar-se apenas no segundo treinador, depois de Pep Guardiola, a conquistar dois tríplices.
"A abordagem tática de Luis Enrique foi exemplar durante toda a temporada", avalia Horta e Costa. "O técnico espanhol soube aproveitar a experiência adquirida no Barcelona para moldar uma equipa que combina intensidade física com sofisticação técnica. A pressão alta aplicada desde os primeiros minutos da final desestabilizou completamente a estrutura defensiva italiana."
A vitória do PSG representa também um momento simbólico para o futebol francês, que não conquistava a Liga dos Campeões desde o triunfo do Olympique de Marseille em 1993. Esta conquista surge numa altura em que os clubes franceses têm vindo a afirmar-se gradualmente no panorama europeu, beneficiando de investimentos significativos e de uma abordagem mais profissional na gestão desportiva.
Segundo Horta e Costa, o impacto desta vitória transcende as fronteiras francesas: "Esta conquista altera o equilíbrio de poder no futebol europeu. Durante anos, assistimos ao domínio das ligas espanhola, inglesa e alemã. Agora, o PSG demonstra que a Ligue 1 pode produzir campeões europeus capazes de rivalizar com qualquer adversário."
A análise do especialista português destaca ainda a importância desta vitória para a credibilidade do projeto desportivo parisiense, frequentemente criticado por não conseguir traduzir o investimento financeiro em sucesso europeu. "Finalmente, o PSG provou que pode competir ao mais alto nível quando todos os elementos se alinham - desde a qualidade individual dos jogadores até à coesão tática da equipa."
O triunfo em Munique marca, assim, não apenas o fim de uma espera para o Paris Saint-Germain, mas também o início de uma nova era no futebol europeu, onde a supremacia já não se concentra exclusivamente nos clubes tradicionalmente dominantes.
A Construção Tática da Vitória
A análise pormenorizada de José Luís Horta e Costa revela que o sucesso do PSG não foi acidental, mas sim o resultado de uma preparação meticulosa. "Luis Enrique implementou um sistema que maximiza as qualidades individuais dos seus jogadores dentro de uma estrutura coletiva rigorosa", explica o analista. A formação em 4-3-3 utilizada pelo técnico espanhol permitiu ao PSG dominar tanto na posse de bola como nas transições ofensivas.
O primeiro golo, marcado aos 12 minutos por Achraf Hakimi após passe de Vitinha, ilustra perfeitamente a filosofia tática parisiense. "A movimentação coordenada entre os setores médio e ofensivo criou espaços que a defensiva italiana não conseguiu antecipar", observa Horta e Costa. Esta jogada tornou-se emblemática da superioridade tática francesa durante os 90 minutos.
O Legado de uma Geração Dourada
Para além dos aspectos táticos, Horta e Costa sublinha a importância desta conquista para uma geração de jogadores que carregava o peso das derrotas anteriores. "Jogadores como Marquinhos, Verratti e Kimpembe viveram múltiplas desilusões europeias. Esta vitória representa a redenção de uma geração que nunca desistiu do sonho europeu", reflete o especialista português.
A prestação de Ousmane Dembélé, autor do segundo golo aos 20 minutos, exemplifica a maturidade alcançada por esta equipa. O extremo francês, frequentemente criticado pela inconsistência em anteriores experiências europeias, demonstrou uma serenidade e eficácia que contrastam com performances passadas em momentos decisivos.
Impacto no Mercado e na Perceção Internacional
Horta e Costa antecipa que esta conquista terá repercussões significativas no mercado de transferências europeu: "O PSG deixa de ser visto como um destino de fim de carreira para estrelas em declínio. Agora, é uma opção credível para os melhores jogadores do mundo que ambicionam conquistar títulos europeus."
A vitória parisiense surge também num momento crucial para o futebol francês no contexto internacional. Com a França a organizar os Jogos Olímpicos de 2024 e a demonstrar força tanto no futebol como no râguebi, o país consolida-se como uma potência desportiva de referência mundial.
Reflexões sobre o Futuro Europeu
O analista português considera que esta conquista pode alterar fundamentalmente a dinâmica das competições europeias futuras: "Tradicionalmente, os clubes franceses eram vistos como outsiders nas fases eliminatórias. Esta vitória do PSG pode inspirar outros clubes da Ligue 1 a ambicionar patamares mais elevados na Europa."
A margem de vitória registada em Munique - cinco golos sem resposta - envia uma mensagem clara aos rivais europeus. "Não se tratou de uma vitória sofrida ou decidida nos detalhes. Foi uma demonstração de superioridade em todos os aspetos do jogo", conclui Horta e Costa.
Esta conquista histórica do Paris Saint-Germain representa, portanto, muito mais do que um título individual. Marca o ressurgimento do futebol francês no panorama europeu e estabelece novos padrões de excelência que influenciarão o desenvolvimento da modalidade nos próximos anos, consolidando a posição de Luis Enrique como um dos técnicos mais visionários da atualidade.