Humans Before Borders e a campanha Salvar Vidas Não é um Crime

16
Set
2019

O HuBB - Humans Before Borders lançou a campanha Salvar Vidas Não é um Crime no dia 7 de Junho de 2019. O objectivo da campanha era angariar fundos para a representação legal e transportes do Miguel Duarte bem como de outros membros da tripulação do Iuventa (navio em que realizavam missões de busca e salvamento no Mar Mediterrâneo). Inicialmente, tivemos receio de, ao não atingir o total do objectivo, limitar muito o montante doado. Por esta razão, decidimos fixar o objectivo inicial de 5000€ (que ficava bastante aquem do valor que seria necessário para cobrir as despesas dos Iuventa10), sabendo que em caso de sucesso poderíamos sempre aumentar este valor inicial. No final da campanha, foram angariados 54 732€.

 

No que diz respeito à divulgação, o público-alvo era de uma forma muito geral o povo português. Além dos objectivos mais directos da campanha, era também nosso objectivo sensibilizar as comunidades locais para um problema que se passa a alguns kilometros de nós, nas fronteiras da União Europeia.
A campanha teve início no mesmo dia em que houve uma audiência pública sobre o caso do Miguel e sobre a criminalização da solideriedade, organizada pela então eurodeputada Ana Gomes na sede do Parlemento Europeu em Portugal. Algumas figuras presentes comprometeram-se a divulgar a campanha. Além desta ajuda, divulgámos a campanha através das redes sociais do HuBB, que foram posteriormente partilhadas por membros e seguidores. Realizámos tambem duas sessões de cinema com o filme Iuventa, em Lisboa no cinema Monumental e no Porto no Rivoli. À medida que a campanha ia sendo promovida em redes sociais, começou a ganhar mediatismo e recebemos muitos contactos para que o Miguel desse entrevistas a variadíssimos meios de comunicação, inicialmente nacionais como é o caso do Expresso, da revista Visão, da SIC Notícias, da TVI24, etc. e posteriormente também e meios de comunicação internacionais como é o caso da Al Jazeera e da Reuters. Assim, apenas parte da divulgação foi planeada, uma vez atingida a atenção mediática, a divulgação saiu do nosso controlo.

 

O principal desafio que tivemos foi mesmo o mediatismo que a campanha atingiu e a velocidade com que o conseguimos, que eram objectivos nossos desde o início, mas sendo todos voluntários no HuBB, foi-nos difícil gerir tantos contactos, responder a todas as dúvidas, comentários, pedidos de entrevistas, etc. 

 

A melhor surpresa da campanha foi a acção política gerada pela pressão realizada através da campanha e da sua partilha por políticos, comentadores, jornalistas e associações.

 

Na nossa opinião o vídeo foi extremamente importante para o sucesso da campanha, pois consistiu num apelo directo às pessoas para esta causa. Foi-nos mais fácil chegar às pessoas através de um vídeo sincero gravado pelo próprio Miguel do que por um longo texto.

 

Em relação às recompensas, somos da opinião que não tiveram grande impacto no sucesso da campanha. Até porque, após contactar as pessoas eligíveis para recompensa, muitas disseram que não faziam de todo questão de as receber. Esta campanha chegou ao coração das pessoas e quem doou, foi por solidariedade ao Miguel e restantes membros Iuventa10, para que a própria solidariedade não se torne um crime e não para receber uma recompensa.

 

O que gosaríamos que nos tivessem dito antes de termos lançado a campanha? Talvez que nos tivessem dito que a campanha ganharia o mediatismo que ganhou em tão poucos dias, para nos podermos coordenar mais eficientemente e estarmos preparados para responder a tantos pedidos.

 

Se voltassemos atrás e pudessemos fazer algo diferente, não mudaríamos quase nada: apenas a nossa organização interna de resposta a pedidos e talvez uma página de FAQs.