Cem mulheres em três dias num percurso de bicicleta na ciclovia AIDA - De Verona a Milão, passando por Desenzano, Brescia e Romano di Lombardia.
100 Mulheres unidas em torno de uma paixão compartilhada, mostram que a união faz a força.
Cem mulheres, três dias num percurso de bicicleta na ciclovia AIDA - De Verona a Milão, passando por Desenzano, Brescia e Romano di Lombardia em 3 etapas.
"Andar de bicicleta fez mais pela emancipação da mulher do que qualquer outra coisa no mundo", dizia a feminista americana Susan Anthony, no final do século XIX. E não sem motivo: a rodinha deu liberdade de deslocação para as mulheres, permitindo que pedalassem sozinhas de um lugar ao outro e, ajudou ainda a mudar o vestuário que limitava os seus movimentos.
Naquela época, médicos como o francês Phillipe Tissié afirmavam que pedalar faria mal às mulheres, podendo causar até esterilidade feminina. Outros afirmavam que a bicicleta seria indecente, porque traria prazer pela “fricção nas partes íntimas”. Tal não passava de uma argumentação criada em torno da recusa em aceitar que as mulheres conquistassem essa autonomia, mas felizmente já havia quem defendesse o seu uso, como o também francês Ludovic O’Followell, que afirmava que pedalar fazia bem à saúde feminina.
As americanas e francesas foram as pioneiras no uso da bicicleta. Essa liberdade pessoal chegou num momento em que as mulheres lutavam por seus direitos, especialmente ao voto, à propriedade e a assinar contratos.
Elisabeth Staton, que trabalhou com Susan Anthony pelos direitos das mulheres por mais de 50 anos, chegou a dizer que “a mulher pedala em direção ao sufrágio”. Maria Pognon, presidente da Liga Francesa de Direitos da Mulher, afirmava que a bicicleta era "igualitária e equitativa", e um excelente meio de "libertar o sexo feminino".

A imagem da bicicleta ficou ligada à figura da New Woman nos Estados Unidos - o conceito da mulher que contestava os papéis tradicionais e se envolvia com o ativismo, reivindicando os seus direitos, principalmente o direito de voto.
Essa é a palavra que melhor define a bicicleta. E já era assim no final do século XIX. Antes dependendo da anuência e ajuda dos homens para levá-las onde desejavam ir, americanas e europeias começaram a se locomover conforme sua vontade e disposição, conquistando autonomia. Passaram a circular mais pelo espaço público, a ir mais longe e a se reunir com outras mulheres sem a presença de homens, fosse para discutir e trabalhar pelos seus direitos ou apenas para se divertir.
Como consequência da vontade e da necessidade de usar a bicicleta, as mulheres conseguiram libertar-se também das vestes que as sufocavam. Grandes saias, que pesava e limitavam seus movimentos, e espartilhos apertados, que comprimiam e magoavam os seus corpos, foram substituídos por roupas mais leves e justas, como os spencers (uma adaptação do casaco masculino usado na época) e as calças bloomer. Lançadas em 1850 por Amélia Bloomer, aliada de Susan e Elizabeth e editora do primeiro jornal para o público feminino, as calças largas lembravam um pouco as saias, mas permitiam um uso mais confortável da bicicleta e facilitavam até o caminhar.
A bicicleta trouxe às mulheres liberdade de movimento e de deslocação, direta e indiretamente, deixou um legado que se estende aos dias de hoje. E já estava, há mais de um século, situada em meio a lutas e conquistas de direitos e liberdades, acompanhando quem lutava por uma sociedade mais justa e igualitária."
(fonte: https://vadebike.org/2013/03/bicicleta-emancipacao-feminina/)
Hoje, dos 30 aos 70 anos, as ciclistas do MIA Women Ride são acolhidas pelas comunidades onde passam como se fossem o Giro d'Italia em Pontoglio. Pedalando juntas - formando uma coluna unida e firme mostrando que até depois que a última bicicleta desapareça no horizonte, permanecerá o nosso eco, o eco de uma escolha:
"Estamos aqui e não vamos parar."




