Angariação para a produção do filme A Posse sobre a maternidade e sobre a opção feminina de escolha. Um filme a ser realizado este ano no curso de cinema da escola Ar.Co.
joana (39 anos) e o seu companheiro ivo, uma amiga teresa e um casal de amigos guilherme e pedro preparam uma grande viagem à escócia, depois de um longo período de privação. joana descobre que está grávida. nunca quis ser mãe. não é do estilo maternal e isso é do conhecimento de todos. joana quer interromper, mas ivo quer ter a criança. há um jantar para discutir a viagem à escócia, mas este é apenas o tema visível, porque opção de joana sobre a maternidade está na mente de todos.
nota de intenções:
este filme não é sobre o aborto. este filme não é sequer sobre a interrupção voluntária da gravidez. este filme quiçá é sobre a opção da mulher em ser, ou não ser, mãe. porém, este é de facto um filme sobre o machismo estrutural da sociedade. a pressão para as mulheres serem mães, como se a preservação da espécie dali dependesse e, claro, a primazia à opção do homem.
como dizia, o machismo estrutural que está na base de um grande número de problemas da sociedade atual, mas também fruto do legado de milénios de história e que nos deixaram a violência doméstica, a homofobia, a transfobia e a misoginia para coroá-los a todos.
desde cedo me interessei por estes temas. não só porque nasci numa família da classe média com 4 filhos e 1 filha, onde a maternidade nunca foi questionada, embora a liberdade individual tenha sido sempre assegurada, genericamente falando, mas também porque a minha homossexualidade esteve latente até muito tarde, impedindo-me de viver de forma plena. esse traço da minha personalidade eclodiu finalmente, e hoje ao lamber as feridas dos anos de (auto)repressão e micro agressões contínuas, percebo que é o mesmo machismo estrutural aquele que continua a cavar o fosso de género, essa construção essencialmente cultural.
também na minha vida de ativista feminista e ativista pelos direitos das pessoas lgbti, com quase 15 anos de envolvimento e voluntariado, e nos últimos 4 anos como dirigente da associação ilga portugal, tenho tido contacto com realidades de muitas pessoas vítimas de uma matriz preconceituosa, muitas vezes em situação de emergência social.
felizmente tenho também tido contacto com inúmeros casos opostos, de pessoas empoderadas, mulheres autónomas, donas do seu nariz, e do seu útero, gays e lésbicas libertas de preconceitos, capazes de se exprimir livremente, pessoas trans que têm a coragem de enfrentar o ainda muito vincado estigma e afirmar a sua identidade de género e muitos outros casos que aqui não caberiam.
este é um filme que documenta uma evolução da mentalidade das pessoas e que pretende instanciar em particular a evolução do pai, não como aquele que gera e aquele que decide, mas aquele que apoia a decisão. e fá-lo dando um exemplo de empoderamento feminino.
com este financiamento espero poder filmar melhor e ter mais condições para uma produção que dignifique a importância do tema, não esquecendo a componente jocosa e humorística que fará parte integrante e permanente da curta-metragem.
conto com o teu apoio.