O “Projeto Maria Rita de apoio aos cuidadores” é um projecto de cariz social, com a particularidade de conseguir conciliar a vertente solidária com a vertente empreendedora e ...
O “Projeto Maria Rita de apoio aos cuidadores” é um projecto de cariz social, com a particularidade de conseguir conciliar a vertente solidária com a vertente empreendedora e inovadora.
Maria Santos, promotora do projecto, percebeu, aquando do nascimento da sua filha Rita, portadora de paralisia cerebral, a dificuldade que representa cuidar diariamente de alguém com uma anomalia grave.
Após 11 anos de batalhas contínuas, conseguiu finalmente alcançar o objectivo pelo qual trabalhou ano após ano: a construção de uma casa adaptada às necessidades da filha.
Maria percebeu, contudo, que há uma falha no mercado: há uma grande e sensata preocupação com a pessoa portadora de um determinado tipo de deficiência, mas não há qualquer tipo de actividade dedicada aos cuidadores.
A casa terá essa finalidade. Para além de favorecer a própria Rita, que terá muito melhores condições diárias, acalentando a esperança de poder continuar a crescer e a quebrar todas as barreiras que a vida lhe tem colocado, os grandes beneficiados com este projecto serão os cuidadores.
Diariamente, os pais com filhos portadores de deficiências graves, deparam-se com problemas constantes relacionados com os tratamentos a que os filhos estão sujeitos. Sobra muito pouco tempo para eles próprios, para a sua felicidade e para o seu bem-estar. A casa terá, por isso, a finalidade de satisfazer essas necessidades, através de um conjunto de actividades lúdicas, workshops, sessões de cinema. Tudo em prol da satisfação pessoal do cuidador, motivando-o para uma luta muitas vezes desigual.
Sobre o promotor
O meu nome é Maria Santos e tive uma vida considerada normal até Maio de 2003. Aí, estando eu grávida de 8 meses da minha filha Rita, surgiu-me uma doença extremamente rara conhecida por Síndrome de Hellp. Como consequência do estado de saúde crítico proporcionado por este síndrome, a minha filha Rita nasceu sem visão nem capacidade de fala ou motora. Lutamos pela vida nos cuidados intensivos e só ao fim de dois meses tive a oportunidade de conhecer a minha filha recém-nascida.
Depois de uma intensa luta pela vida, consegui sair pelo meu próprio pé com uma menina ao colo de dois meses com somente 1,5 Kg, a quem deram o prognóstico de pouco tempo de vida. Todavia, tomei uma decisão firme e definitiva, juntando todas as forças que encontrei : decidi “enterrar” o passado e recomeçar uma vida nova. Tendo em consideração a grave patologia da minha filha Rita e as sequelas que ficariam para o resto das nossas vidas, sozinha com os meus dois filhos, propus-me a novos objetivos e prioridades. Consegui reunir os apoios necessários para levar a Rita para uma clínica de reabilitação motora em Cuba por um período de seis meses, que trouxe resultados muito positivos. Quando regressei, decidi escrever um livro para crianças de sensibilização para o tema da paralisia cerebral. Não foi um processo nada fácil mas, ao fim de dois anos, consegui editar o livro “O Sonho cor-de-verde da Rita” e foi um sucesso, vendeu 6 edições! Com as receitas da venda do livro, tive a oportunidade de receber financiamento para adquirir um terreno no qual pudesse ser construída uma casa adaptada às limitações da minha filha Rita. De facto, morámos sempre num T1 no último andar de um prédio, pelo que o simples ato de mobilizar a Rita para o exterior era um grande obstáculo.
Só passados sete anos depois de ter decidido lutar por uma casa para dar uma qualidade de vida mais digna à Rita é que consegui, graças a todo o apoio solidário desencadeado por muitas empresas e particulares, erguer a Casa.
Mas ainda não acabou, para mim. Dada toda a minha experiência como cuidadora da minha filha, percebi que este núcleo é, tantas vezes, esquecido. Por isso, decidi criar um projeto de solidariedade social de apoio aos Cuidadores Informais de crianças e adultos que sofram de doenças crónicas. O projeto “Maria Rita de apoio aos Cuidadores” irá funcionar na nossa Casa nova e tem como principal objetivo capacitar os cuidadores da formação necessária para o seu dia-a-dia nesta condição, bem como proporcionar-lhes momentos lúdicos e de lazer. Para que este projeto possa ser viável e arrancar o mais rápido possível, decidi apostar no Crowdfunding para conseguir a receita necessária para o arranque do mesmo.
http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/sociedade/detalhe/desespera-por-casa-adaptada-a-filha.html.